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Cultura Netflix — O Melhor Trabalho Das Nossas Vidas

O grande objetivo da Netflix é proporcionar entretenimento e provocar emoções em públicos de todos os cantos do planeta. Para isso, desenvolvemos uma cultura empresarial incomum, focada na excelência, e criamos um ambiente em que pessoas talentosas conseguem deslanchar, elevando cada vez mais os nossos patamares, os dos nossos colegas e dos nossos públicos. Este documento aborda essa cultura, que se sustenta sobre quatro princípios centrais:

  1. Time dos sonhos (Dream Team): focamos exclusivamente em ter pessoas de alto desempenho na Netflix, gente que é excelente no que faz, e que fica ainda melhor quando trabalha em conjunto.

  2. Pessoas estão acima dos processos: alcançamos resultados melhores quando os funcionários têm as informações e a liberdade para tomar decisões por conta própria. Contratamos pessoas excepcionalmente responsáveis que deslancham quando têm essa abertura e liberdade.

  3. Empolgação desconfortável: para divertir o mundo, precisamos ter audácia e ambição. Portanto, devemos abraçar o novo, mesmo quando há desconforto.

  4. Excelência agora e cada vez mais: costumamos dizer que a Netflix de hoje não chega aos pés do que podemos ser no futuro. Precisamos ter autoconsciência para entender o que deve melhorar, além de disciplina e resiliência para chegarmos lá.

Embora nem sempre seja possível satisfazer esses princípios, a maioria das pessoas que começa a trabalhar na Netflix se surpreende positivamente com a excelência dos colegas e com o grau de autonomia que damos aos funcionários de todos os níveis.

Conforme os nossos negócios se expandem e evoluem, nossa cultura (e este documento) acompanha tal evolução. O que não vai mudar é nosso foco na excelência e nossa determinação para garantir que a Netflix continue sendo um lugar onde pessoas incríveis possam desenvolver o melhor trabalho de suas vidas. Se tudo isso soa empolgante, saiba que você provavelmente vai adorar trabalhar aqui. Mas já deixamos claro que a Netflix não é para todo mundo. Por isso, continue a leitura deste documento.

TIME DOS SONHOS

Para nós, não é um escritório bonito ou lanches e massagens grátis que fazem um local de trabalho ser incrível, embora ofereçamos alguns benefícios bem legais. São as pessoas. Imagine trabalhar ao lado de colegas brilhantes, gente que é excelente no que faz, e que fica ainda melhor quando trabalha em conjunto. É por isso que seguimos o modelo de uma equipe esportiva profissional, não de uma família. Nas famílias, há amor incondicional. Apesar de que algumas famílias também podem ser disfuncionais — e quem já assistiu a Ozark ou Wandinha sabe bem disso. Por outro lado, equipes esportivas profissionais estão concentradas em ter o melhor desempenho e em escalar a pessoa certa para cada posição, mesmo quando é preciso trocar alguém muito querido por um profissional mais qualificado.

Embora cada integrante do nosso time dos sonhos tenha habilidades distintas, buscamos os pontos fortes que nos tornam melhores quando trabalhamos em conjunto. Estes são os valores pelos quais prezamos:

  • Altruísmo: você é humilde ao buscar as melhores ideias; você foca no que é melhor para a Netflix, não no que é melhor para si ou para a sua equipe; você dedica tempo para ajudar outras pessoas a alcançar o sucesso.
  • Bom senso: você enxerga além das alternativas de curto prazo para desenvolver soluções de longo prazo; você toma decisões sensatas apesar de ambiguidades e incertezas; você usa dados para embasar a sua intuição.
  • Sinceridade: você recebe e oferece feedback de forma intencional; você sente que tem abertura para falar sobre o que está funcionando e o que precisa melhorar; você admite erros abertamente e compartilha aprendizados de forma ampla.
  • Criatividade: você recebe bem ideias novas; você tem paixão e persistência na busca das soluções mais inovadoras; você valoriza expressões artísticas.
  • Coragem: você aceita ficar vulnerável na busca pela verdade; você tem disposição para se arriscar ou questionar o status quo em prol da excelência.
  • Inclusão: você reconhece seus vieses e se esforça para combatê-los; você tenta garantir que todos na Netflix possam desenvolver o melhor trabalho de suas vidas, independentemente da cultura, identidade ou trajetória de vida.
  • Curiosidade: você aprende com rapidez e avidez; você se interessa mais pelas ideias de outras pessoas do que pelas suas próprias ideias; você tem humildade para reconhecer quando ainda não sabe algo.
  • Resiliência: você se adapta rapidamente a circunstâncias dinâmicas; você toma decisões difíceis com rapidez e sem sofrer; você assume grandes desafios.

Falar de valores é fácil. Difícil é vivenciá-los. Todos nós nos esforçamos muito para que cada um se sinta responsável por defender esses princípios, especialmente nossas lideranças. Afinal, excelência e honestidade andam de mãos dadas. Por isso, investimos em relacionamentos profissionais sólidos, que geram confiança e ajudam as pessoas a presumir uma boa intenção. Essa atitude nos permite colocar em prática a sinceridade absoluta, garantindo que o feedback construtivo seja um hábito tão corriqueiro quanto escovar os dentes. É preciso ter coragem e vulnerabilidade para perguntar a alguém como podemos melhorar ou para pedir opiniões sobre qual é o melhor caminho a seguir. Da mesma forma, é preciso ter integridade para só falarmos algo sobre uma pessoa se estivermos dispostos a abordar o assunto diretamente com ela. Essa ideia se aplica especialmente quando damos feedback para alguém hierarquicamente acima de nós ou que tem uma trajetória de vida diferente ou se viemos de uma cultura ou empresa em que a reverência é o padrão. No entanto, a sinceridade absoluta acelera nosso processo de evolução, tanto individual quanto como empresa.

Nosso time dos sonhos é movido pelo desempenho, não pela hierarquia, tempo de empresa ou lealdade incondicional, já que uma pessoa de alto desempenho em qualquer cargo é, em muitos casos, mais eficaz do que um funcionário com desempenho mediano. É por isso, também, que nos concentramos em manter uma cultura de alto desempenho. Para recrutar e reter profissionais incríveis, oferecemos os melhores salários do mercado conforme o cargo e a localização, uma ponderação que considera o que a pessoa poderia fazer em uma função semelhante em outra empresa e o que pagaríamos para mantê-la ou substituí-la. Esperamos que nossas lideranças sejam eficazes no desenvolvimento de talentos. E, para garantir que elas estejam com a pessoa certa em cada posição de suas equipes, pedimos que apliquem o que chamamos de “teste de retenção”1 se perguntem: “Se X estivesse pensando em deixar a Netflix, eu lutaria para que isso não acontecesse?” ou “Sabendo tudo o que sei hoje, eu contrataria X novamente?”, e se a resposta for “Não”, acreditamos que colocar um ponto final na relação de trabalho seja mais justo com todo mundo.

Pensando de forma abstrata, o teste de retenção pode parecer assustador. Mas, na realidade, estimulamos todo mundo a conversar regularmente com seus gerentes sobre o que está funcionando ou não. Essa atitude evita surpresas. Os gerentes também avaliam os integrantes de suas equipes de forma geral, sem focar nos erros ou em apostas que não deram certo. No time dos sonhos, é preciso ter pessoas que questionam o estado atual das coisas e experimentam novidades. Por isso, mantemos funcionários mesmo diante de dificuldades de curto prazo.

Independentemente da genialidade de alguém, o time dos sonhos não tem espaço para quem não trata colegas com educação e respeito. Quando pessoas talentosas trabalham bem juntas, confiando nas boas intenções umas das outras e respeitando as diferenças, o sucesso é muito maior para todo mundo.

PESSOAS ESTÃO ACIMA DOS PROCESSOS

Muitos de nós já trabalhamos em empresas em que as decisões vinham de cima, havia pouca transparência e parecia ser difícil fazer a diferença ou até mesmo concretizar coisas básicas. Na Netflix, queremos inspirar e dar autonomia em vez de apenas gerenciar, porque as pessoas podem causar mais impacto se tiverem liberdade para tomar decisões em relação ao próprio trabalho.

Por isso, nos dedicamos ao desenvolvimento de habilidades de tomada de decisão em todos os níveis hierárquicos da empresa, com orgulho das poucas — e não das muitas — decisões que as lideranças de alto escalão tomam. Esperamos que os gerentes coloquem em prática o princípio de contexto em vez de controle (context not control), apresentando às equipes o contexto e a clareza necessários para a tomada de boas decisões, em vez de tentar controlar todos os detalhes. Nós também auxiliamos os funcionários a terem uma visão mais ampla de tudo compartilhando muitas informações internamente, inclusive em documentos que podem receber comentários ou dúvidas. É preciso ser uma pessoa excepcionalmente responsável para se sair bem com esse nível de liberdade: alguém que tenha automotivação, autoconsciência e autodisciplina; que não espere ordens para fazer o que precisa ser feito e que assuma a solução de problemas como se fossem seus. É importante não confundir contexto em vez de controle com uma liderança omissa. Os gerentes precisam se envolver no que está acontecendo ao redor para orientar suas equipes de forma ativa. Eles também podem ter que intervir quando alguém estiver prestes a tomar uma decisão antiética ou que possa causar graves prejuízos à Netflix, em situações de crise ou se alguém que acabou de chegar à equipe não tiver todo o contexto de uma determinada situação.

Evitamos a tomada de decisões em grupo porque esse processo tende a frear as empresas e a enfraquecer o senso geral de responsabilidade. Para toda decisão importante, identificamos um líder de projeto (informed captain) que será responsável por analisar a situação para definir o que fazer. A partir daí, diferentes equipes, cada uma liderada por seu próprio líder de projeto, implementam a decisão. Essa metodologia de alinhamento com autonomia (highly aligned and loosely coupled) dá às equipes a liberdade para avançarem de forma rápida e operarem com independência, ao mesmo tempo em que se garante a responsabilidade pelo resultado.

Descobrimos que as melhores ideias podem vir de qualquer lugar, por isso, esperamos que nossos líderes de projeto busquem diferentes opiniões e conversem com pessoas de todos os níveis hierárquicos. Chamamos isso de estimular o debate (farming for dissent). É claro que nem todas as opiniões são criadas da mesma forma, e com mais de 10 mil funcionários, é impraticável que cada pessoa contribua de forma igualitária na maioria das decisões (este documento é uma exceção). Então, diante de uma decisão criativa importante, por exemplo, a opinião de alguém que trabalha com séries, filmes ou jogos terá mais peso do que a de uma pessoa da equipe de engenharia, e vice-versa se a questão estiver relacionada ao nosso produto ou a alguma tecnologia. Depois que uma decisão é tomada, esperamos que todos, inclusive quem defendeu abordagens diferentes, se comprometam mesmo discordando da decisão (disagree then commit). Essa atitude garante que o resultado tenha o máximo de sucesso possível. Posteriormente, quando o impacto estiver claro, o líder de projeto deve refletir sobre suas escolhas — o que funcionou ou não — para que todo mundo possa saber como trabalhar melhor da próxima vez.

Sabemos que processos são necessários para lançar um jogo, série ou filme, executar uma campanha de marketing, gerenciar a folha de pagamentos e fazer o fechamento de um trimestre. Também sabemos que as empresas precisam de regras rigorosas contra situações como assédio, exclusão de colegas, vazamento de informações ou uso indevido de informações privilegiadas. Contudo, nos esforçamos para termos o mínimo de regras na Netflix e garantir que todos os nossos processos sejam bons (simples, eficientes, impactantes). Nossa política de férias, por exemplo, tem apenas duas palavras: “tire férias”. E nossa política de despesas tem apenas oito palavras: “aja de acordo com os interesses da Netflix”. Essa ideia de que a regra é (quase) não ter regras dá aos funcionários a liberdade de exercer o bom senso. Ela também evita que os processos fiquem arrastados, algo comum de acontecer quando as empresas crescem e tentam deixar tudo muito bem explicadinho, sufocando a criatividade e dificultando adaptações das atividades.

Você pode pensar que esse tipo de liberdade levaria ao caos. Na realidade, embora colecionemos um número razoável de fracassos e tenhamos encontrado algumas pessoas que tiraram proveito da nossa cultura de formas desonestas, nossa ênfase na autonomia individual criou um empresa extremamente bem-sucedida, que oferece muitas oportunidades de desenvolvimento e crescimento para os funcionários. No entretenimento e na tecnologia, nossa maior ameaça é a falta de criatividade, adaptabilidade e inovação. Por isso, a tentativa de reduzir a quantidade de regras e processos (em vez dos erros), ao mesmo tempo em que damos às pessoas a liberdade de aplicar o bom senso e de aprender com seus erros, é uma receita muito melhor para o sucesso a longo prazo.

EMPOLGAÇÃO DESCONFORTÁVEL

A Netflix atende a um público bem acima de meio bilhão de pessoas no mundo todo, uma façanha inédita na indústria do entretenimento2 . O sucesso exige que tenhamos audácia e ambição, pensemos de formas não convencionais, experimentemos e nos adaptemos (quase sempre em pouco tempo). Isso vale tanto para quando estamos criando um recurso para a nossa plataforma, trabalhando para melhorar as nossas recomendações, desenvolvendo uma campanha de marketing ou criando uma série ou jogo. Muita gente se sente mais realizada em empresas mais estáveis ou que assumem menos riscos. Já a Netflix é mais adequada para quem valoriza a experimentação, curte o frio na barriga de um projeto novo ou desafiador e é resiliente para prosperar nesse ambiente.

EXPRESSÃO ARTÍSTICA

A representatividade é importante. Nossos assinantes têm diferentes trajetórias de vida e culturas e querem assistir a uma variedade de histórias e pessoas na tela. Essa diversidade é maravilhosa e pode gerar tensões reais, já que cada um de nós temos as nossas próprias percepções do que é aceitável — ou nocivo — na TV. Cada série, filme ou jogo é diferente, mas aplicamos a eles os mesmos princípios: apoiamos a expressão artística dos criadores com quem decidimos trabalhar; oferecemos opções para uma grande variedade de públicos, culturas e gostos; e oferecemos classificações indicativas, avisos de conteúdo e controle parental em diversos idiomas para ajudar os assinantes a escolher o que querem assistir ou jogar. Como funcionários, apoiamos esses princípios mesmo que algumas histórias conflitem com os nossos valores pessoais. E entendemos que, dependendo da nossa função, podemos ter que trabalhar com séries, filmes ou jogos que consideramos problemáticos. Caso você tenha dificuldade em defender a amplitude do nosso catálogo, talvez a Netflix não seja o seu lugar.

EXCELÊNCIA AGORA E CADA VEZ MAIS

A Netflix tem uma longa trajetória, desde que enviamos o nosso primeiro DVD em 1998. Mesmo assim, não estamos nem perto de onde gostaríamos de estar no futuro. É por isso que damos tanta importância ao nosso time dos sonhos, a valorizar mais as pessoas em vez dos processos e a criar um ambiente onde todos se sintam responsáveis por torná-lo melhor. Acreditamos que essa postura seja o caminho mais acertado para a excelência e o sucesso a longo prazo.

Também é por isso que sempre buscamos melhorar nossa cultura, e não a preservar. Cada funcionário novo ajuda a moldar nossa maneira de trabalhar e, assim, descobrimos novas formas de ter mais conquistas juntos. Isso proporciona uma experiência mais agradável para nossos assinantes, funcionários, criadores e parceiros, que, em contrapartida, alavancam nosso crescimento e nosso sucesso a longo prazo. É assim que entretemos o mundo e criamos um negócio imensamente bem-sucedido.

Presente desde o nosso primeiro documento sobre a Cultura Netflix, escrito em 2009, Antoine de Saint-Exupéry, o autor de O Pequeno Príncipe, nos ensina que:

Se você quer construir um navio,
não chame as pessoas
para juntar madeira,
nem lhes atribua tarefas e trabalhos,

mas sim ensine-as a desejar
a infinita imensidão do oceano.

1 O “teste de retenção” ou “keeper test”, em inglês, é inspirado nas lembranças de infância do nosso cofundador, Reed Hastings. Ao sair para pescar com o pai, ele se lembra de ouvir “Precisamos reter esse, Reed!” (“That’s a keeper, Reed!”) quando fisgavam um peixe.

2 No primeiro trimestre de 2024, cerca de 260 milhões de residências assinavam a Netflix. Considerando uma média de 2 pessoas por residência — uma suposição bastante conservadora —, concluímos que o nosso público ultrapassa 500 milhões de pessoas.